.na quarta vez tentando escrever este texto, sem querer, acabei apagando ele do meu bloco de notas 🤡 eu tinha duas alternativas: procurar algum comando mágico ou autosave com a nota intacta ou recomeçar.
e tem algo meio reconfortante no recomeçar. adivinha qual eu escolhi? até porque, sendo sincera, os anteriores nem tavam tão bons assim.
enquanto reconecto os pontos que ficaram soltos das versões anteriores, percebo com mais clareza onde quero chegar — um lugar que as versões passadas não me levaram. e é assim, no andar da carruagem, que resolvo mudar o tema deste texto: autosaves e recomeços.
não vou mentir e dizer que é um tema distante para mim. quem trabalha com photoshop sabe bem do que tou falando: a luta diária de torcer por um autosave perdido que nos salve de um crash inesperado ou de um comando errado em um arquivo que estamos há 5h sem salvar. e, de fato, eles salvam [em pastas muito estranhas e distantes, mas salvam]
quando falo que recomeçar pode ser reconfortante, me refiro a essa coisa de um caminho já traçado, de ter mais clareza de como alcançar o objetivo. sabe aquela prova do Round 6 em que os participantes precisam atravessar uma passarela de vidro sem saber quais pisos são falsos? quem está nas últimas posições tem mais chance de vencer, porque os outros já desbravaram o caminho antes. é mais ou menos isso — só que é você com você mesma risos
não tem algo de emocionante nisso? sempre que eu perco um arquivo e preciso recomeçar, passo por todos os estágios do luto: negação, a raiva, barganha, depressão e, enfim, aceitação. quando chego nesse ponto [geralmente acompanhado de um Monster Mango Loco e uma barrinha Bold], já sei exatamente o que evitar. os brushes certos, o download das texturas já feito, a fonte errada, já troco. entende?
não tem como pular da frustração inicial direto para a aceitação e o mão na massa — e talvez seja o próprio processo até a aceitação que nos dá essa clareza e stamina para recomeçar. e recomeçar melhor. percebe que eu não falei “certo”, só melhor?
a arte da semana passada, sem querer, tem muito a ver com isso. comecei esse arquivo lá no início de janeiro, totalmente despretensioso. devia estar vendo alguma coisa na TV, nem lembro bem. só queria desenhar alguém de óculos. mas nunca terminei. esses dias, reabri a ilustração e não identifiquei nada — absolutamente nada — nela que eu quisesse manter. então comecei do zero.
inclusive, cortei essa parte no vídeo de processo que postei nos stories. fiquei cismada porque as duas versões são bem diferentes, e com só um mês de diferença entre elas. e eu me cobro um pouco para ter algum nível de constância nas minhas últimas criações. mas aí veio este texto…e percebi que até isso faz parte do meu processo criativo. então por que eu censuraria essa parte?
acho que fico tão presa no resultado que o caminho em si se perde, até por isso criei essa news. no fim, sempre volto para essa ideia de sair do automático. mas é porque tem algo fascinante em pessoas que prestam atenção nos detalhes. as que param no caminho para tirar foto do sol, entram em lojas que nem estavam nos planos, ou simplesmente param no caminho porque sentiram um cheiro bom.
falei e falei, mas você pode estar pensando: essa é a quinta versão deste texto, e o contexto mudou muito. sobre o que eram as outras quatro versões? como paramos aqui? bom, a semana que passou foi um desafio — no mínimo. acho que todas as áreas da minha vida me pediram atenção constante e aí já sabe, né? como é que fica a mente da colérica? esses dias foram cheios de dualidades: me senti querida e solitária, necessária e descartável, sim's e não's. dias que viraram noite rápido demais e noites que demoraram anos para amanhecerem. teve muita insônia e melatonina envolvida.
em resumo? eu senti muita raiva. e foi assim que surgiu uma personagem vintage com tendências incendiárias.
tem quem me siga lá no X e já viu na íntegra, mas eu precisei recomeçar de várias formas e em vários sentidos. um rabisco de alguém de óculos se tornou a Betty Boop Incendiária [pois é, eu dei esse nome pra essa arte e caso me pergunte foi por causa do estilo de cabelo] os textos não eram nem de perto, nem de longe, sobre isso. um falava de raiva, outro de cansaço, totalmente derrotada e capenga. provei de novo no meio do caminho e sem querer o ponto que eu questiono no texto, que às vezes, também é bom perder. no fim foi bom recomeçar o texto pra colocar os pensamentos no lugar.
talvez, se você se permitir, saia com algo mais rico, mais completo. quem sabe isso não é você? a diferença entre a ilustra de janeiro e a de agora mostra meu próprio processo de mudança. e eu já nem comparo a eu de janeiro com a deste meio de fevereiro. e sim, em tão pouco tempo. pra agora me preocupar em ser constante? eu bem arrisquei, perdi e recomecei. acho até que ganhei também. mudar a rota foi essencial pra eu gostar um pouco mais do caminho que estou fazendo, mesmo que às vezes ainda pisando em falso.
mas esse texto aqui não vai terminar nesse tom de coach, não. minha semana passada foi extremamente difícil, só não digo que foi ruim porque tiveram pessoas que fizeram muita diferença [obrigada, amigas]
recomeçar exige muito, e tá tudo bem não querer e nem conseguir às vezes. acho que a chave de tudo tá em se permitir. tanto arriscar quanto sentir os baques dos fracassos, que sempre podem acontecer. mas também encontrar algo para continuar — e não esquecer de comemorar. meu lema para este ano é comemorar tudo, vou pedir bolo de aniversário a rodo.
não precisa manter um save de tudo. faz um filtro. alguns, altera o nome. outros podem ficar só no "recentes" até um dia serem o menos recente na pasta. no final, é com você. mas acho que o recomeçar é um desapego saudável que eu adoro praticar. afinal, quem tá contando?
to vendo que o próximo texto vai ser sobre produtividade…….. enfim, acompanhem e mais uma vez, grata pra quem leu até aqui, se inscreveu, curtiu e tal e tal! volto semana que vem e juro que na próxima vai ter moodboard lindão <3
As vezes a gente precisa recomeçar nem que seja na força do ódio né kkkk
Adorei o texto, as vezes é bom parar pra pensar nessas coisas pra conseguir enxergar melhor o processo sem deixar passar despercebido, obrigada! 💖